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Voluntariado: Fazer o bem vicia

Meu aniversário se aproxima, e estive pensando nas escolhas que fiz, nos planos que tenho e nos defeitos que preciso trabalhar para ser cada dia melhor. A partir dessas reflexões, olhei pela janela do meu quarto e vi pássaros cantando sob o céu nublado, pensei nas pessoas do meu bairro, da minha cidade, do meu país, e lembrei que o mundo é incrivelmente composto por pessoas diferentes, da moça que precisa de um tempo para ficar sozinha e pensar na vida, ao senhor que gosta de comida japonesa, adora ouvir piadas sem graça e não tolera ciúmes. O planeta Terra é assim, cheio de gente diferente.

Entre todas essas diferenças, me perguntei: “o que leva alguém a escolher o voluntariado como parte de sua vida?”, decerto, se eu fizesse esse questionamento a dez pessoas, cada uma me daria uma resposta, e no final, o resultado seria o mesmo: Um monte de gente bem intencionada, que quer de algum modo auxiliar outros cidadãos em diversas realidades, seja levando conforto para pessoas presas ou criando projetos que visam capacitar e gerar renda para jovens na África.

O mundo muda a cada segundo, quando alguém diz sim à revolução contra a comodidade e o conforto da rotina, isso não significa que ter uma rotina seja ruim, pelo contrário, ela é necessária e saudável quando permite prever o que será feito, em cada horário e de que modo; me refiro à atitude de declarar guerra ao impulso que sentimos de viver cada dia pensando em diversos assuntos, embora nenhum deles se relacione com o auxílio ao próximo. Logicamente em respeito ao direito à liberdade de escolha, não tenho o intuito de ofender aqueles que se enquadram na situação descrita acima, longe de mim. Apenas me sinto contente ao perceber a mudança diária do mundo quando boas ações são feitas.

Uma das coisas que me deixa extremamente feliz é fazer boas escolhas, desde uma roupa que comprei até um convívio harmônico com meu namorado. E uma das melhores escolhas que fiz na minha vida, foi feita quando notei que existiam pessoas com necessidades de roupa, de atenção, de estudo, de amor. A partir daí, decidi visitar idosos, uma vez no mês, e pensei comigo mesma: “Que bem farei a eles, terão uma companhia para rir e conversar, mesmo que breve”. Logo nos primeiros meses, percebi como eu estava enganada, a atenção que eu dava àquelas pessoas, fazia muito bem a elas, mas, sobretudo, serviu de alimento à minha alma. Um gesto simples, feito com desprendimento, mostrou-me que posso ir muito além de onde estou hoje, pode transformar vidas de pessoas que nem conheço e pode servir de cura para o egoísmo e a necessidade de ser sempre o centro das atenções. A partir daquele dia, notei que o voluntariado, feito dentro de nossas condições e de coração aberto gera uma corrente de bom humor e esperança; eu estou bem hoje, quando você termina de ler este texto seu humor está ótimo, sua mãe, seu pai, seus amigos serão contagiados por você e assim o mundo será transformado. Talvez este processo seja lento (e sonhador), mas sinto uma sensação muito boa ao imaginar esta corrente de solidariedade se espalhando.

Se boas emoções podem contagiar, imagine como será revolucionário se nossos amigos e parentes descobrirem que o voluntariado faz bem à saúde do coração e da alma? Com um detalhe: essa saúde será para quem estende a mão e para quem recebe apoio. Logo, teremos notícias de pessoas que foram curadas da depressão, do estresse, do mau humor (sem fim às vezes), por terem oferecido uma mão amiga a um novo amigo. Vale lembrar, no entanto, que os benefícios do trabalho voluntário são notados gradualmente, num processo que pode levar meses ou anos. A “cura” não ocorre de um momento para o outro, mas começa no instante em que decido por me libertar das garras da mesmice.

Existem ainda, doenças que não tem cura, mas com os modernos inventos da ciência é possível conviver com elas e ter qualidade de vida; do mesmo modo, tenho citado o trabalho voluntário como um meio poderoso de gerar bem estar, mas ele não garante a destruição de nossas angústias emocionais, talvez, como em uma doença incurável, elas permaneçam conosco, mas com certeza, auxiliar ao próximo nos mostrará que temos muitos motivos para agradecer e que a situação em que nos encontramos hoje, poderia ser pior, então, o melhor mesmo é diariamente, cultivar a alegria.

Meu aniversário se aproxima, e após muito refletir (como vocês devem ter notado), concluo que aprendi muitas coisas, fiz muitos planos e tive um número equivalente de erros e acertos. Ganhei diversos presentes ao longo deste tempo, mas sem dúvidas, um dos melhores, foram os amigos que ganhei (inclusive através do trabalho voluntário) e que me mostraram que conheço pouco da vida, mas se abrir meu coração, entre erros e acertos, ela pode ser cada dia melhor.

 

Thaiene Rodrigues

Estudante de Enfermagem

Hobby: Ler, pedalar e inventar

Hoje sou voluntaria blogueira do projeto UBUNTU!

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